sexta-feira, 3 de junho de 2011

Fichamento 4 - Gincana de Genética


Polêmico: Exames propõem avaliar risco de doenças ligadas à alimentação, como obesidade, intolerância à lactose e ao glúten.
Fonte: Karina Toledo – O Estado de S.Paulo   25/01/2011 - 11:31
Médicos brasileiros estão oferecendo no próprio consultório testes genéticos para avaliar o risco de doenças ligadas à alimentação, como obesidade, intolerância à lactose e ao glúten. Especialistas em genética, no entanto, questionam a utilidade clínica desse tipo de exame, que pode custar mais de R$ 1.600.
O exame é feito com uma amostra de células bucais do paciente, que o médico colhe com cotonete, deposita em papel especial e encaminha para o laboratório. A análise dos genes indica se a pessoa tem perfil favorável ao surgimento de algumas enfermidades. Mas no caso de doenças como obesidade e câncer, que também dependem de fatores ambientais, especialistas afirmam não ter grande utilidade.
Uma das empresas que comercializam os testes preditivos no País é a Eocyte Pharma Care, que oferece exames para 36 doenças. O carro-chefe são os três da área de nutrigenômica: intolerância à lactose (Deficiência na produção da enzima que digere a lactose. Pode ser congênita, causada por doença ou surgir com a idade. O exame identifica predisposição ao 3º tipo); Doença celíaca (Intolerância ao glúten, centeio, cevada, aveia e malte. O exame não substitui a biópsia intestinal no diagnóstico); e obesidade (Causada por fatores genéticos (já foram identificados mais de 500 genes) e ambientais. O teste avalia 5 genes), que supostamente também mede o risco de diabete e problemas cardíacos.
Cláudia Moreira, gerente científica da Eocyte, conta que há pelo menos 15 médicos – entre pediatras, endocrinologistas, nutrólogos, gastroenterologistas e cardiologistas - que oferecem os testes a seus pacientes. “Há outros que fazem pedidos eventuais, mas não coletam o material no consultório. Eles encaminham os pacientes a um dos laboratórios conveniados.”
O material é encaminhado pela Eocyte para ser analisado em Portugal e 15 dias depois o laudo é enviado para o médico.
Um dos adeptos é o nutrólogo Dan Linetzky, diretor do Ganep. “Nos casos leves de intolerância à lactose e doença celíaca nem sempre é fácil fechar um diagnóstico com os exames tradicionais. Esta é mais uma ferramenta.”
Além dos exames de intolerância ao glúten e à lactose, o spa médico Kurotel, em Gramado (RS), oferece o controverso teste preditivo para obesidade. “Ele ajuda a entender melhor as razões que levam ao sobrepeso e, com isso, podemos ir mais diretamente à causa”, diz a nutróloga Mariela Oliveira.
A idéia é boa, mas não existe conhecimento científico suficiente para colocá-la em prática, afirma Salmo Raskin, presidente Sociedade Brasileira de Genética Médica.
“O teste analisa apenas cinco genes relacionados à obesidade e já foram identificados mais de 500. Pode haver ainda muito mais. Também não se sabe qual é o peso da genética no desenvolvimento da doença.”

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